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A arte da presença e o impacto para reputação

De todos os assuntos debatidos pela HSM Expo 2017, o grande destaque para o gerenciamento de reputação é a arte de os gestores estarem presentes nas situações. “Estar presente” é o fio condutor que gera conexão. E não há boa reputação sem conexão com os stakeholders.

Na terça-feira, dia 7 de novembro, estive na HSM Expo 2017, evento que reuniu mais de 6 mil executivos em três dias (6 a 8/11/2017) de imersão no futuro da gestão, no Transamérica Expo Center, em São Paulo, como editora da Revista da Reputação. A minha missão, além de fazer uma cobertura do evento para os leitores da Revista, era também ir em busca das novidades que podem impactar a gestão das empresas e, consequentemente, o gerenciamento de reputação. Demorei alguns dias para postar este texto para deixar as ideias ressoando em minha mente. O clique nem sempre é automático.

Após este tempo de reflexão, a minha conclusão é de que de todos os assuntos debatidos pela HSM Expo 2017, o grande destaque para o gerenciamento de reputação é a arte de os gestores estarem presentes nas situações. Estando presentes eles conseguem ouvir melhor, se posicionar melhor, se conectar melhor com o momento atual para imaginar o futuro e conhecer melhor o negócio e a indústria em que atuam. “Estar presente” é o fio condutor que gera conexão. E não há boa reputação sem conexão com os stakeholders.

Quem trouxe mais fortemente o conceito de presença na terça-feira foi Amy Cuddy (foto), Psicóloga social e professora na Harvard Business School e de quem já falamos na matéria “Confiança é mais importante do que competência”. Entretanto, costurando todas as falas que ouvi, percebo que o conceito de estar presente é o que pode fazer a diferença e permitir que o gestor se antecipe às demandas dos clientes (como foi defendido na fala anterior à de Amy, proferida por Chip Conley), pratique a “escutatória” (apresentada por Thomas Brieu e que será alvo de uma entrevista futuramente), mantenha-se relevante em mercados difíceis, ou ainda se conecte com propósito (como defendeu Rolf Hoenger). Mas, o que é estar presente?

Segundo Amy Cuddy, estar presente é dar o seu melhor, estando sempre consciente, autêntico. É transmitir confiança sem arrogância, acreditando na sua história. Arrogância gera insegurança. Confiança gera relações entre as pessoas (o que pode gerar boa reputação a longo prazo). Arrogância gera ameaça. Na presença, a comunicação acontece de modo harmonioso. E o melhor é que presença gera presença. Quando estamos presentes, os nossos interlocutores tendem a ficarem mais presentes também, num círculo virtuoso.

Ainda de acordo com Cuddy, o que dificulta a presença é a falta de senso de poder; não o poder da vaidade, mas o que faz com que as pessoas se sintam empoderadas. Poder é saber que você pode realizar. Garantir resultado ninguém pode, mas as pessoas podem e devem acreditar que podem realizar. Ela também afirma que a pessoa quando se sente empoderada ajuda o próximo. E que o senso comum de que o poder corrompe as pessoas é um mito. O poder não corrompe as pessoas, o poder revela quem de fato as pessoas são.

Uma reflexão interessante trazida por Cuddy foi em relação às situações em que encaramos com medo, executamos com ansiedade e partimos arrependidos por não termos agido de forma diferente. A dica de Amy para estas situações é viver o presente, sem deixar que a ansiedade pela perfeição comprometa o que ainda está por vir. Precisamos nos proteger de sentir medo, porque quando estamos com medo o nosso instinto nos leva a “fugir do inimigo”. Trazendo esta constatação para o mundo empresarial, acredito que, muitas vezes, o medo do julgamento negativo ou do desempenho negativo leve as empresas e os gestores a fugirem da arena de ação. Porém, a falta de ação impede todo tipo de resultado, tanto os negativos quanto os positivos. É preciso não deixar se contaminar pelo medo e enfrentar os riscos com “presença”, estando atento ao ambiente.

A vergonha é a emoção mais autodestrutiva, Cuddy avalia. Ela impacta tão fortemente o psicológico, que interfere no gestual e na postura da pessoa, deixando-a em uma posição de submissão. Por outro lado, as posturas físicas de confiança e de vitória passam impressões mais positivas, levando a resultados mais positivos. E estas posturas podem ser ensaiadas na frente do espelho, por exemplo. Para aumentar as chances de sucesso, Cuddy recomenda que antes de encarar desafios importantes, que a pessoa perceba como ela está se sentindo, analisando se está se sentindo empoderado ou diminuído. A partir desta autoavaliação poderemos agir para sermos mais fortes que as circunstâncias.

* Tatiana Maia Lins é editora da Revista da Reputação e consultora em Reputação Corporativa.