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Brasil segue com reputação fraca no Country RepTrak 2017

Ranking elaborado pelo Reputation Institute com 55 países mostra que Brasil ocupa a 31ª posição e manteve percepção estável entre membros do G8 apesar da crise interna

Apesar da crise, o Brasil mantém reputação relativamente estável no estudo Country RepTrak, do Reputation Institute, o mais robusto estudo de reputação de países e que avalia a reputação dos 55 países com maior PIB no mundo entre pessoas do G8.

Os resultados de 2017 foram divulgados no final de junho. O problema, porém, é que o país está se mantendo estável em um patamar de reputação considerada fraca, o que não contribui para que o país atraia investimentos ou seja considerado um país confiável para os moradores de Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá (antigo G7), mais a Rússia.

Outro problema é que o Brasil está perdendo posições no ranking para outros países da América do Sul com economias mais tímidas. Se em 2011 o Brasil aparecia em 22ª posição e o Chile aparecia em 31ª (em uma lista de 50 países), hoje o Brasil está em 31º lugar e o Chile em 29º (entre 55 países).

A diferença pode parecer pouca, mas em termos de nota, o Chile tinha em 2011 míseros 49,7 pontos de reputação, o que o deixava em uma categoria de reputação fraca e hoje possui 60,7 pontos, fazendo parte da categoria de países com reputação mediana. Em 2011, a reputação do Brasil era de 54,6 pontos e hoje é de 59,6, um aumento bem mais discreto, apesar dos investimentos com a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.

A Argentina é outro exemplo de país que ultrapassou o Brasil. Em 2011, nossos hermanos ocupavam a 24ª posição, com 52 pontos e hoje estão à nossa frente, na 30ª posição, com 59,9 pontos e quase alcançando a reputação considerada mediana. Isso sem ter sediado jogos e passando por uma crise que fez com que a Argentina tivesse em 2016 inflação de 41%.

Na América Latina, outro exemplo positivo vem da Colômbia, que vem ganhando reputação após o início do processo de paz (2013). Interessante, contudo, é a situação da Venezuela, que apresenta queda acentuada de reputação entre pessoas da América Latina, mas mantém percepção praticamente estável no G8.

Entre os países dos BRICs, a China vem fazendo o dever de casa e apesar de ter reputação pior do que a brasileira, inferior a 50 pontos, vem apresentando uma reta ascendente, com ganhos de pontos ano após ano desde 2013,quando apareceu com 41 pontos e hoje está com 48,8 pontos. Já a Rússia segue patinando (39,3 pontos em 2009 x 40,3 este ano), com a pior reputação dos BRICs, na 51ª posição geral em 2017, perdendo apenas para Nigéria,Paquistão, Irã e Iraque no ranking.

https://www.youtube.com/watch?v=JzGJJ5CBOeQ

Reputação da Venezuela se mantém estável no G8 por falta de conhecimento sobre o que acontece na região, o que pode sugerir que o mesmo se aplica ao caso brasileiro

03/2017 foi o mês de coleta dos dados para a pesquisa 39 mil consumidores entrevistados em países do G8

O Brasil ocupa a 31a posição entre 55 países pesquisados em 2017.

Brasil conseguiu 59,6 pontos em 2017, dois pontos a mais do que em 2016, mas caiu nove posições no ranking em relação ao ano passado

Percepção internacional sobre a Grécia melhorou em 2017 após ela ter saído do noticiário negativo . País voltou a ter pontuação considerada “reputação moderada” e não mais “reputação fraca”, como acontece com os países que obtém notas entre 40 e 59 pontos na escala que vai de zero a cem. Em 2009, a Grécia tinha 65,7 pontos de reputação, caindo para 46,5 pontos em 2012 e hoje está com 62,5 pontos.

Brasileiros avaliam o país de modo menos favorável do que G8
Um dado curioso e inverso ao que acontece com a Rússia – em que a percepção interna é melhor do que a externa – os brasileiros avaliam o Brasil de maneira menos favorável do que os estrangeiros. E se a pontuação do Brasil se manteve estável no ranking geral, isto se deve à percepção externa. Internamente, a reputação do Brasil teve uma queda abrupta entre 2013 e 2014, indo de 67,2 pontos em 2013 para 54,6 em 2014 e chegando ao menor nível em 2016, ano do impeachment de Dilma, de apenas 47,5.

Esta diferença de pontuação pode ser explicada pela familiaridade dos brasileiros com os nossos problemas, pelo fim da lua de mel entre governo e mídia e pela decepção com o país que parecia estar em uma rota positiva sentida pelos brasileiros quando as primeiras denúncias da Operação Lava Jato começaram a aparecer. Por outro lado, em 2013, quando alcançamos a pontuação mais alta de percepção interna, havia um gap de 9,4 pontos em relação à percepção externa que não era tão favorável.

Peru é o pais da América Latina com melhor reputação, em 25º lugar e com 62,8 pontos. Chile e Argentina também estão à frente do Brasil

Maior reputação = maior investimentos e mais turismo
A pesquisa Country RepTrak leva em consideração 16 atributos de valor, distribuídos em três dimensões: Economia, Ambiente e Governo. Na dimensão econômica são avaliadas as percepções sobre a qualidade dos produtos e serviços das empresas do país, o estágio tecnológico, as características da mão de obra disponível etc. Já na dimensão de ambiente são levados em consideração a beleza do local, e o estilo de vida das pessoas, enquanto na dimensão de governo são avaliados itens como ambiente favorável à atração de negócios, eficácia do governo, protagonismo mundial, segurança, assim como as políticas adotadas para ganhos sociais e econômicos progressivos.

Tradicionalmente, o Brasil tem melhor pontuação em dimensões emocionais, como a beleza e a simpatia da população, perdendo terreno em questões mais técnicas como mão de obra qualificada, educação, efetividade do governo e segurança.

De acordo com dados do Reputation Institute, países com maior reputação são também capazes de atrair mais turistas e de exportar mais.

Segundo o relatório, cada ponto acrescido no score representa um aumento de 3,1% no turismo, o que representa um efeito multiplicador de 15%. E cada ponto acrescido no score representa um aumento de 1,7% nas exportações, com um efeito multiplicador de 1,6%.

Além disso, países com melhor reputação são aqueles em que as pessoas se sentem mais confortáveis em fazer investimentos financeiros diretos, em morar, em comprar produtos ou serviços, visitar, trabalhar para empresas locais, estudar ou participar de eventos.

Diferença de percepção externa e interna é de doze pontos no Brasil

Para ter acesso ao relatório completo do Country RepTrak 2017 clique aqui.

* Tatiana Maia Lins é Consultora em Comunicação com foco em Reputação Corporativa, diretora da Makemake Comunicação e editora da Revista da Reputação.