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Escola Eleva e a promessa de ser referência

Novo empreendimento do Grupo Eleva de Educação, que tem entre seus investidores o empresário Jorge Paulo Lemann, promete para o Rio de Janeiro uma escola de padrão de excelência global, ressaltando a brasilidade da nossa cultura. Um projeto grandioso que tem como parceiros a Orquestra Sinfônica Brasileira e o técnico esportivo Bernardinho.

No final do ano passado, os moradores do Rio de Janeiro tiveram uma triste notícia: a Casa Daros, centro cultural que abrigava mostras de arte latino-americanas e que havia reformado um belo casarão no bairro de Botafogo, estava fechando as portas, após míseros dois anos de aberta. A tristeza, porém, não durou muito tempo. Rapidamente foi substituída pela expectativa pela Escola Eleva, que começará as suas atividades em um esquema de soft opening com 360 alunos a partir do próximo ano e com todas as turmas a partir de 2018.

O projeto promete formar cidadãos globais em uma escola brasileira, bilíngue e em tempo integral. É uma proposta arrojada e que, por já nascer com o desejo se tornar referência internacional, desperta a curiosidade sobre o que fará desta escola diferente das outras.

Conversamos com a executiva à frente do empreendimento, Duda Falcão, na tarde do dia 20 de junho. A conclusão a que chegamos é que, sim, a Escola Eleva pode se tornar referência, caso o que está sendo planejado seja posto em prática. A escola já começa com uma ótima imagem, que pode ser a base para a sua boa reputação se as expectativas que estão sendo criadas, principalmente nos pais dos alunos, forem satisfeitas.

Os olhos de Duda brilham ao falar dos diferenciais da escola e seu discurso tem a segurança de quem não precisa impor nada a ninguém. Ela passa tranquilidade tanto ao falar dos aspectos positivos, como respondendo a possíveis críticas à escola. Provavelmente, porque tudo o que fala já passou por muito planejamento estratégico. É um projeto que existe há anos e que foi amadurecendo até chegar ao ponto atual com o imóvel dos sonhos.

A Escola Eleva ainda nem abriu as portas oficialmente mas já dá lições de como lançar uma marca forte. Em resumo, ela tem como principais executivos pessoas da área de educação e que portanto conhecem o negócio; há claramente um belo planejamento estratégico definido; foi feito estudo da concorrência para apontar os diferenciais; o posicionamento é por atributos de valor e não por preço; foram escolhidos benchmarkings; as parcerias conferem credibilidade ao que por enquanto é um projeto; está havendo uma comunicação assertiva do empreendimento, que atinge o público-alvo e gera demanda pelo serviço; e por último mas não menos importante, há um investidor de peso bancando o investimento.

Missão, visão e valores bem definidos

Ao ser perguntada sobre a proposta da Escola Eleva e seus diferenciais, Duda explicou que a missão deles é formar uma nova geração de líderes capazes de fazer a diferença em suas vidas e contribuir para um mundo melhor. Esta missão estaria dividida em duas partes, uma que pode ser trabalhada nos alunos de forma individual e outra a ser trabalhada coletivamente.

Individualmente, a proposta é que os alunos consigam aplicar em suas vidas profissionais o que aprenderem lá para conquistar sucesso e brilhar no campo que escolherem. E, coletivamente, a Escola Eleva pretende formar líderes muito bem preparados, mas também com um senso de coletivo muito grande.

Para que esta missão seja posta em prática, a Escola Eleva se vale de uma proposta pedagógica baseada em três pilares: excelência acadêmica, habilidades de vida e cidadania global.

“Excelência acadêmica é o pilar um pouco mais tradicional. Conteúdo e conteúdo aplicado sempre vão ter valor. Foco, meta, disciplina, rigor de sala de aula. Aqui estamos falando de português, matemática, de línguas e tal. O segundo pilar é o que a gente chama de habilidades de vida. Não basta ser um estudioso, não basta ser um nerd, você tem que ser um nerd habilidoso. E ai a gente está falando de habilidades como colaboração, curiosidade, pensamento crítico, perseverança, tudo aquilo que você realmente usa quando chega ao primeiro emprego.”, explica Duda, ressaltando que esses dois primeiros pilares são a base da missão individual, enquanto o pilar da cidadania global é a base da missão coletiva. Para a cidadania global, a escola escolheu alguns temas que estão no topo da agenda da Unesco, como meio ambiente e diversidade, para trabalhar em projetos desde o primeiro ano da escola até o aluno se formar, sempre com uma pegada muito prática.

“A gente não fica estudando quem polui mais, se é a China ou os Estados Unidos, a gente quer focar em quanto que você polui, o que você pode fazer para poluir menos? O quanto que a nossa escola polui? O que isso quer dizer para o Rio? O que isso quer dizer para a Lagoa?”, enfatiza a executiva reforçando a aplicabilidade prática do que será estudado.

“Eu tenho gêmeos de dois anos e todos os dias antes de vir trabalhar eu penso que estou construindo a escola em que eles vão estudar. Este é o meu projeto de vida e de todos os outros executivos à frente da escola.” Duda Falcão

Novo olhar para a Educação

Duda Falcão pondera que a excelência acadêmica é um valor atemporal. Mas que é preciso oxigenar a escola com inovação porque o mundo mudou e a escola continua a mesma, sem acompanhar a evolução da sociedade. Neste sentido, uma escola que já nasce com um olhar contemporâneo para a educação sai na frente de concorrentes que estejam enrijecidos em processos ultrapassados.

De todo modo, uma grande inovação que a Escola Eleva promete fazer se dá ao valorizar qualidades também atemporais, mas que andavam meio esquecidas no contexto global que gerou o quase colapso do nosso processo produtivo. A proposta ressalta valores como entusiasmo, responsabilização, superação de desafios, respeito e bondade, definida por Duda como “fazer a coisa certa, da maneira certa”. Valores que, inclusive, serão avaliados formalmente. O boletim que o aluno da Escola Eleva levará para casa terá não apenas as avaliações feijão com arroz como português e matemática. Será um boletim com notas de bondade, respeito, responsabilização, superação de desafios e entusiasmo para que as famílias acompanhem o desenvolvimento pleno de seus filhos e trabalhem em conjunto.

Outra inovação proposta pela escola é a mentoria para alunos. Todo aluno terá um mentor que o acompanhará ao longo dos semestres e com quem o aluno terá reuniões quinzenais para solução de problemas e melhor aproveitamento das atividades propostas. Desta forma, a escola acredita que será possível conhecer melhor as dificuldades e as individualidades.

Disciplinas de MBA no ensino médio

A Escola Eleva oferecerá a seus alunos no ensino médio disciplinas eletivas típicas de cursos de MBA, ainda que em níveis de iniciação. São quatro as raízes das eletivas, apresentadas aos alunos em inglês e em português: Empreendedorismo & Negócios, Sociedade & Cultura, Criatividade & Comunicação e Análise de Dados & Lógica.

Entre as disciplinas de Empreendedorismo & Negócio estão negociação, psicologia, introdução a finanças. Já entre as disciplinas de Comunicação estão oratória, design thinking e escrita criativa. Ainda entre as eletivas estão listadas aulas de robótica, genética, computação, direito e justiça

Estas disciplinas foram criadas a partir da análise dos currículos ao redor do mundo, com o objetivo de permitir que o aluno explore e conheça melhor diferentes áreas de saber para decidir o que gosta.

Segundo Duda, é importante que os alunos tenham noção de oratória, por exemplo, porque em alguma situação na vida eles precisarão expor ideias publicamente. Já as noções de finanças são importantes independentemente de o aluno ter ou não muito dinheiro. “Todo mundo passa na vida por situações em que precisa tomar uma decisão financeira, como a de é melhor comprar ou alugar, comprar à vista ou parcelado.”

Parcerias conferem credibilidade

Além da parte acadêmica tradicional, a Escola Eleva aposta nas artes como instrumento potencializador da criatividade de seus alunos. E promete oferecer aulas de artes plásticas, música e teatro. Nos primeiros anos, os alunos terão contato com os três ramos e com o passar do tempo poderão escolher em qual das três áreas aprofundar. Para garantir a excelência dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos, a escola firmou parceria com a Orquestra Sinfônica Brasileira e com a equipe que era responsável pelas atividades da Casa Daros.

Já em relação às atividades físicas, a escola acredita que os alunos podem aprender a competir de forma saudável com o esporte, colaborando com o time e superando os limites. Mas a escola não ficará apenas nos esportes tradicionais como futebol, vôlei etc. As atividades físicas também englobam ioga e acrobacia. Para o time de esportes a Escola Eleva conta com parceria de Bernadinho.

Alunos serão o maior capital reputacional

Quando perguntada sobre o perfil do público-alvo, Duda fala que apesar de a escola estar na zona sul carioca e a mensalidade custar cerca de R$ 4 mil, eles apostam na diversidade. “A gente não acha que a diversidade é um tema neutro, tampouco negativo. Diversidade para a gente é positivo e muito importante. Precisamos de diversidade de pessoas e de opiniões. No momento, estamos nos comunicando para explicar à cidade o que será feito no espaço onde foi a Casa Daros porque a cidade ficou muito triste e também porque precisamos nos comunicar para iniciar a escola. Mas depois a nossa comunicação será mais discreta. A gente disse para quê a gente veio, a gente disse qual era o nosso sonho. Agora é esquecer a gente um pouquinho e ver se a gente fez um bom trabalho daqui a dez anos. Hoje eu estou comprometida em entregar tudo aquilo que prometemos aos pais para o ano que vem. E depois o tempo falará sobre nós. A minha estratégia de comunicação é formar jovens bem preparados e eles falarão sobre si.”, finaliza Duda.

* Tatiana Maia Lins é Consultora em Comunicação com foco em Reputação Corporativa, Diretora da Makemake Comunicação e Editora da Revista da Reputação.