EUA apresentam queda de reputação com Trump
Estados Unidos têm a maior queda de reputação entre os países que fizeram parte do Country RepTrak 2017 e a razão para este declínio é a avaliação de que o país retrocedeu nos parâmetros associados ao governo com a eleição de Donald Trump.
No final do ano passado, quando confirmou-se que Trump havia sido eleito presidente dos Estados Unidos, fizemos uma matéria (O efeito Donald Trump, Revista da Reputação, 19/12/2016) comentando depoimentos do economista Jeremy Hildreth ao jornalista Daniel Buarque e publicados na Folha de São Paulo um mês antes.
Segundo Hildreth, “Trump vai ser a maior renovação da marca dos EUA em décadas. Sua presidência vai impulsionar tremendamente a posição do país no mundo”. Isso porque, para ele, com Trump, “os EUA vão reforçar alguns dos seus estereótipos internacionais, já que as pessoas do mundo vão ver é a “versão do país que elas gostam e respeitam: um país forte com um toque de jeito de caubói e presença de palco de uma estrela de cinema, mas que também é benigna cooperativa e não manipuladora em assuntos internacionais”. Àquela altura, afirmamos que “a Revista da Reputação concorda que Trump reforça estereótipos, só não sabemos se estes aspectos são tão positivos assim.”
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Os resultados deste ano do Country RepTrak – estudo realizado pelo Reputation Institute anualmente e que mede a reputação dos 55 países com maior PIB – confirmaram as nossas expectativas. O efeito Trump para a reputação dos Estados Unidos globalmente é, so far, negativo e fez o país perder quase cinco pontos de reputação geral.
México saiu ganhando com o muro de Trump
As ameaças do presidente Donald Trump em relação ao México pioraram a reputação dos EUA entre os vizinhos. Por outro lado, fez com que a simpatia dos americanos em relação ao México melhorasse. Se em 2015 o México somava apenas 39,4 pontos de reputação entre os americanos, hoje eles somam 52,3 pontos. Do outro lado da fronteira, em 2015 a reputação dos americanos para os mexicanos somava 62,4 pontos e hoje está com 52,1 pontos.
E se em 2016, os mexicanos consideravam uma boa ideia trabalhar nos EUA, um ano depois a percepção de que esta seria uma boa ideia caiu quase 20 pontos, de 76,2 para 57,4. Para os Estados Unidos, a notícia não é “tão positiva”, pois a percepção de que os mexicanos constituem uma força de trabalho qualificada e confiável aumentou cinco pontos em 2017.
Forças e fraquezas da reputação dos Estados Unidos
Apesar de ser a maior economia do mundo, a reputação dos Estados Unidos não figura entre as melhores. Atualmente, o país ocupa a 38ª posição do ranking, com 54,7 pontos de reputação geral, o que é considerada uma reputação fraca. O país aparece uma posição atrás do México, treze posições atrás do Peru e uma posição na frente da Venezuela.
Os atributos que mais fizeram os EUA perderem percepção positiva foram estabilidade do governo (-21,6%), ganhos sociais e econômicos das políticas públicas (-11,8%) e adoção de posturas éticas pelo país (-11%)
Os atributos que contribuíram positivamente para a reputação dos EUA este ano foram: o fato de suas marcas serem conhecidas, o estágio tecnológico, a alta qualidade dos produtos e serviços, o ambiente favorável aos negócios, o estilo de vida atraente, as belezas naturais, a valorização da educação e a qualidade da força de trabalho. Por outro lado, contribuíram negativamente os atributos relacionados à dimensão do governo, de segurança, ética e de hospitalidade.
A percepção global de reputação dos Estados Unidos é mais baseada em aspectos racionais do que na capacidade de o país criar conexões emocionais com os países do G8.
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Percepção dos atributos relacionados à efetividade do governo, que englobam “ambiente de negócios”, “ambiente institucional”, “políticas econômicas e sociais”, “segurança”, “protagonismo internacional”, “uso eficiente dos recursos públicos” e “adoção de posturas éticas”. Gráfico retirado do relatório Country RepTrak 2017, produzido pelo Reputation Institute.