O estado da arte das Relações com o Mercado e Investidores em 2023
Por Tatiana Maia Lins *
Durante os dias 26 e 27 de junho de 2023, o Teatro B32, na Avenida Faria Lima, em São Paulo, recebeu o 24º Encontro Internacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, promovido pela Associação Brasileira das Companhias Abertas – Abrasca e pelo Instituto Brasileiro de Relações com Investidores – IBRI. Reunindo profissionais de peso das empresas abertas, o evento contou com seis painéis em que foram discutidas as boas práticas que constituem o estado da arte das Relações com o Mercado e Investidores neste ano e as tendências que estão se consolidando.
Coube ao Presidente da CVM, João Pedro Nascimento, sinalizar que o futuro é verde e digital e, assim, deve ser também o Mercado de Capitais, que hoje se preocupa com a padronização da Comunicação ESG e com impor limites aos influenciadores digitais para que não manipulem o preço das ações.
Sobre a questão da padronização, cabe ressaltar a recente divulgação das normas IFRS S1(General Requirements for Disclosure of Sustainability-related Financial Information) e IFRS S2 (Climate-related Disclosures), que tende a aplacar essa angústia.
Veja abaixo as normas:
ESG é um tema que está posto à mesa, com cada vez menos resistência sobre a sua importância entre os investidores de longo prazo, que entendem que sem a adoção de práticas que levem em consideração questões sociais, ambientais e de governança não há futuro para os negócios. Neste sentido, o Mercado de Capitais pode ser uma ferramenta para distribuição de riquezas e para diminuição de desigualdades e precisa de profissionais qualificados em ESG. A pesquisa “Evolução da Agenda ESG”, realizada pela Deloitte e pelo IBRI e divulgada durante o evento, aponta como tendência de que em até dois anos, a divulgação dos indicadores de ações ambientais será tão relevante quanto a de governança.
Clique aqui para ter acesso à pesquisa “A evolução da Agenda ESG 2023”.
A reputação das empresas é outro tema que está à mesa das discussões, cabendo aos RIs o papel de porta-voz que fortalece vínculos de confiança, que está apto a participar de processos de gestão de crise e, sobretudo, que é o guardião da veracidade e da coerência sobre o que é divulgado sobre a empresa para o Mercado e para Investidores.
A necessidade de transformar dados em histórias que possam ser compreendidas por diferentes perfis de investidores leva os departamentos de Relações com Investidores a uma grande transformação. Com mais de 5 milhões de investidores Pessoa Física no mercado, um aumento de mais de 300% em relação ao ano de 2018, a comunicação com o mercado e investidores chega ao TikTok e a canais que usualmente não eram usados para este fim. Trata-se da compreensão de que o investidor pode estar em qualquer lugar e que a conquista de sua atenção é ferramenta poderosa para fidelizá-lo como investidor de longo prazo. Além disso, o colchão reputacional e a proximidade com os stakeholders constituem uma camada de proteção contra potenciais danos causados por fake news.
Por fim, a digitalização e o uso de Inteligência Artificial são uma realidade. Já há empresas com ferramentas que automatizam respostas para perguntas frequentes. E é preciso também “ensinar” a Inteligência Artificial para que ela seja capaz de dar respostas fidedignas, coerentes e completas.
* Tatiana Maia Lins é consultora em Reputação Corporativa, fundadora da Makemake Reputação, editora da Revista da Reputação e Professora de Relações com o Mercado e Investidores no Master em Comunicação Empresarial Transmídia da ESPM – SP.