Aprendizados do Programa Influenciadores Eletrobras
Programas de influenciadores internos são presença relativamente comum em grandes empresas. Fruto natural da evolução das tecnologias, que alçou todos ao papel de comunicadores e intensificou a disputa pelo escasso recurso da atenção, a iniciativa é fundamentada na constatação de que os colaboradores são os primeiros e mais valiosos embaixadores de uma marca, com papel essencial no fortalecimento da reputação. Mais que preparar e instrumentalizar um grupo disposto a compartilhar pautas positivas, no entanto, os programas de influenciadores internos podem funcionar como celeiros de uma comunicação consciente e transformadora, cada vez mais necessária diante dos desafios impostos às empresas e, em particular, às equipes de Comunicação.
Basta pensarmos na velocidade em que tudo muda atualmente, e no esforço que profissionais e empresas precisam fazer para se manterem relevantes num contexto de aceleração exponencial, para entendermos o papel de uma comunicação consciente na construção de ambientes que aliem propósito, bem-estar, criatividade, inovação, aprendizado contínuo e uma visão que precisa ser cada vez mais ampla e holística.
Neste cenário, promover a comunicação consciente está, talvez, entre as mais importantes missões que a Comunicação pode assumir no interior das organizações. E um programa de influenciadores internos, por sua vez, é uma oportunidade de reforçar o time, apoiada em dois pilares essenciais:
1. Promover a oxigenação da equipe de Comunicação com os olhares diversos e complementares de profissionais de outras áreas, o que contribui para mitigar vieses aos quais todos estamos sujeitos em função de práticas que compartilhamos com aqueles que trabalham junto de nós, abordando desafios, oportunidades e problemas a partir de pontos de vista sempre muito semelhantes.
2. Formar embaixadores que ajudam a promover os princípios da boa comunicação junto aos times das mais diversas áreas, facilitando o trabalho da equipe de Comunicação. Sabemos a importância de contar com o entendimento dos clientes internos sobre aspectos como: o que é uma boa pauta; a necessidade de resposta tempestiva diante de temas sensíveis; a clareza dos objetivos de comunicação ao se planejar uma divulgação; a compreensão de quando “menos é mais”; entre tantos outros. Em nosso trabalho junto aos clientes internos, a conscientização é elemento-chave. E influenciadores são multiplicadores dessa consciência.
Para que esses ganhos se concretizem, no entanto, é necessário que a equipe de Comunicação aborde seu programa de influenciadores de um ponto de vista essencialmente estratégico. Preparar influenciadores internos como meros replicadores de conteúdo institucional é reproduzir o modelo da Comunicação “tiradora de pedido”, restrita à função tática de eleger veículos, elaborar mensagens e fazê-las chegar ao público-alvo.
Um programa de influenciadores internos pode – e deve – ser muito mais do que isso. Seu potencial é tanto maior quanto mais ele funcione como um ambiente de troca verdadeira e reflexão profunda, no qual a equipe de Comunicação e os participantes possam atuar de maneira conjunta, cada qual com suas expertises e competências próprias, para o fortalecimento de uma cultura de comunicação consciente na empresa inteira.
Com base nesse ideal, a Eletrobras lançou, em 2021, o programa Influenciadores Eletrobras, que este ano segue para sua segunda edição. Compartilho abaixo 10 aprendizados de nossa equipe na jornada até aqui:
1. Alinhamento estratégico – O Influenciadores Eletrobras foi gestado no programa “Compromisso do Diálogo e Transparência com Stakeholders”, incluído no Plano Diretor de Negócios e Gestão da companhia, o que assegura visibilidade, favorece a continuidade e garante que o programa atue em prol dos objetivos de Comunicação da empresa.
2. Participação voluntária – O chamado é para todos os que desejarem participar, por entendermos que o interesse pela Comunicação é essencial para o engajamento.
3. Reuniões periódicas – Cada ciclo anual tem início em março e é composto de 10 reuniões mensais, para que o grupo se mantenha ativo e engajado.
4. Aprendizado mútuo – Intercalamos reuniões “informativas” – sobre os temas institucionais, as campanhas internas e o levantamento de pautas – com encontros em que palestrantes externos abordam temas essenciais à Comunicação, como CNV, vieses inconscientes, posicionamento nas redes sociais, definição da notícia, comunicação assertiva etc. A ideia é que o programa funcione como uma formação continuada em competências de comunicação.
5. Segurança psicológica – As reuniões são conduzidas de modo a criar um ambiente propício para a reflexão e a crítica construtiva, onde diferentes pontos de vista são não apenas acolhidos, mas incentivados e reconhecidos.
6. Liderança dedicada – O programa conta com um líder na equipe de Comunicação, responsável por planejar os encontros, mobilizar o grupo e manter diálogo constante entre os encontros.
7. Comunicação constante – A cada ciclo é formado um grupo para troca de mensagens instantâneas. Lá são compartilhados os materiais institucionais com pedido de apoio para divulgação interna e externa, além de conteúdos para reflexão e pedidos de opinião. Acolhemos dúvidas e recebemos feedback do grupo sobre as ações realizadas.
8. Envolvimento da equipe – Além do líder, o programa conta com a participação da equipe e das líderes da área (eu, superintendente de Comunicação, e a gerente de Comunicação e Relações Institucionais) em todas as reuniões e no grupo de mensagens. Consideramos esse envolvimento essencial para dar o tom que desejamos ao programa.
9. Monitoramento – Criamos uma hashtag específica para facilitar o acompanhamento das publicações do grupo nas redes sociais, consolidando os indicadores de exposição – embora consideremos esse apenas um dos resultados do programa.
10. Abertura para o diálogo – Valorizamos esse espaço como verdadeira fonte de aprendizado e melhoria do trabalho da área. Isso reflete no acolhimento que proporcionamos ao grupo e transforma a experiência em algo valioso para todos.
* ,Renata Petrocelli, é superintendente de Comunicação na Eletrobras.