Edição 10 da Revista da Reputação
“Not today, Covid“. Inspirados pelo meme das redes sociais “Not today, Satan” (“Hoje não, Satanás”) estamos fazendo o nosso manifesto de resistência em meio a esta pandemia. Todos vamos morrer um dia, é fato. Mas não queremos morrer agora, tampouco queremos que as empresas morram. E a melhor arma que temos para lutar contra este vírus e suas consequências, como sempre, é a informação.
Com este espírito de resistência e inspiração, vem a décima edição da Revista da Reputação para comemorar mais um aniversário da Makemake. Há nove anos, nascia a Makemake no Rio de Janeiro como uma consultoria em reputação corporativa.
Nascia do meu sonho de ser dona da minha história e do incentivo de Eike Batista – na época o oitavo homem mais rico do mundo, CEO do grupo EBX – que disse quase no meu ouvido que eu era gênia quando nos conhecemos pessoalmente após a troca de inúmeros tweets sobre Reputação madrugadas adentro.
Essa história é pitoresca, mas é boa de lembrar em meio a esta pandemia. A vida é pura impermanência, diz a minha amiga Nara Almeida e eu concordo. O império de Eike não mais existe como ele imaginou. Eu não passo mais madrugadas adentro no Twitter. O Cristo-foguete da The Economist decolou e caiu de cara no chão. Viramos o país “mais corrupto” e a “última ameaça da América Latina”, ainda segundo as capas da The Economist. Além das mudanças no país, neste intervalo de nove anos, eu me tornei mãe em 2013 e me mudei do Rio para São Paulo no final do ano passado. Quantas mudanças.
Enquanto tudo isso acontecia no país, a gente apresentou as nossas propostas e a nossa inteligência. E assim pretendemos continuar por muitos anos. Quando Eike era sucesso, fomos para Nova Orleans, nos Estados Unidos, falar sobre a abertura dos CEOs para as redes sociais. Quando o Brasil era a bola da vez, fomos para Milão, na Itália, falar sobre como marcas estrangeiras poderiam ganhar os corações brasileiros. Quando o Cristo-foguete caiu e o Brasil virou o país “mais corrupto”, inventamos a Revista da Reputação e o seminário Reputação Brasil. Debatemos Caminhos para o Amanhã, no Museu do Amanhã em 2017, já prevendo o que poderia acontecer nos anos seguintes. Quando a “última ameaça da América Latina” estava prestes a se instalar, tentamos educar a população para um voto mais consciente e compilamos Propostas para a construção de um Brasil menos desigual e mais sustentável para as próximas gerações, com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Mais recentemente, quando foi anunciado o isolamento social no Brasil por causa do coronavírus, lá estávamos nós nos mobilizando pedindo doação de álcool gel e equipamentos de higiene e aconselhando as empresas a usarem o alcance e poder de escala que possuem para o bem. O mundo que conhecíamos até dois meses atrás não mais existe. Mas o meu desejo de deixar um legado de impacto positivo para o mundo segue tal qual em 2011, quando pedi demissão de um emprego relativamente estável para empreender.
Seguem iguais também o modo como a Makemake sempre trabalhou – em rede, de forma colaborativa, e pregando a coerência entre discurso e prática – e a nossa filosofia de compartilhamento de conteúdo como arma para diminuir desigualdades. Nosso conteúdo sempre foi aberto a todos. Nossa equipe sempre foi enxuta e escalada de acordo com as demandas de cada job. O home-office sempre foi uma realidade, mesmo quando a gente pendurou os certificados nas paredes da nossa sala na Praia de Botafogo, de frente ao Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.
Filha e neta de empreendedores (homens), sei que a vida de quem troca o emprego pela incerteza não é fácil, nunca foi. Mas superar desafios dá um tesão danado. O momento é de crise. Em situações de crise, é natural que pessoas fiquem sem saber o que fazer. Contudo, líderes não esperam que um problema se resolva sozinho. Líderes – sejam homens ou mulheres – agem. Líderes erram e acertam. Líderes são faróis em tempos de escuridão.
Portanto, seguimos com a nossa missão de levar luz à sociedade e às empresas brasileiras para que saiamos desta crise global o mais rápido possível e com o menor impacto negativo. Não temos todas as respostas, ninguém as tem. Mas estamos dispostos a pensar juntos em soluções estratégicas, com verdade e propósito.
O tema central que estamos trabalhando e que vamos trabalhar na Revista da Reputação e na Makemake pós-covid 19 é “Reputação para Competitividade”, tema que nos direciona desde sempre e que cresce em relevância no cenário de crise mundial e de reestruturação dos negócios. As ações que forem tomadas neste momento determinarão a capacidade de recuperação de cada empresa e de cada profissional pós-crise.
A comunicação nunca foi tão estratégica para os negócios quanto agora. E nós, comunicadores estratégicos, teremos muito trabalho pela frente. Juntos somos infinitos, eu dizia em 2011 e continuo dizendo agora.
Muito obrigada a todos que estiveram conosco nesses nove anos em que plantamos reflexões e conectamos pessoas. Que venham mais noventa.
Aqui está o ,PDF desta edição. Boa leitura!
Tatiana Maia Lins
CEO da Makemake e editora da Revista da Reputação
Textos da edição 10 da Revista da Reputação:
Coronavírus: o que fazer
Reputação, Coronavírus e pós-crise: o que mudou, está mudando e vai mudar – por Tatiana Maia Lins
Coronavírus: pessoas vêm antes do lucro financeiro – por Tatiana Maia Lins
Como e por que construir confiança em tempo de desconfiados – por Ricardo Voltolini
Gerenciamento de Reputação
Marca e Reputação: ressignificando conceitos – por Dario Menezes
Guerras de narrativas afetam o desempenho das empresas – por Malu Weber
O Brasil não parece um país sério, mas isso pode ser bom – por Daniel Buarque
Gestão de crise
Não desperdice a crise nem a sua reputação – por Marcia Cavallieri
Gestão de crise nas redes sociais – por Patrícia B Teixeira
A importância do porta-voz nas crises – por Philipe Deschamps e Marcos Ramos
Pandemia e Vale do Silício: lições em comum para reputação – por Karla de Melo
Compliance e Integridade
Valor compartilhado: integridade e sustentabilidade – por Fábio Risério
Engajar para o compliance no séc XXI – por Gisele Lorenzetti
Entrevistas
Andrea Mota, Diretora de Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil – por Marcia Cavallieri
Memória Corporativa